2008-05-11

De volta ao país real

O Diário de Notícias costuma publicar na sua última página, a propósito de um acontecimento do dia, uma pequena entrevista com uma pessoa que é suposto ser um observador previlegiado do dito acontecimento.
Vai daí, na passada sexta-feira, um diligente jornalista de que a caridade cristã obriga que se omita o nome foi, aproveitando o infeliz atropelamento de um grupo de peregrinos de Fátima, interpelar o Sr. Padre Manuel Antunes.
Certamente apercebendo-se de que a consistência das respostas não permitia - apesar do título, antetítulo, destaque e fotografia - encher os 320 cm2 que tinha ao seu dispor, o dito jornalista resolveu acrescentar, à meia dúzia de perguntas do costume, uma sétima:
Pensa que a crise económica pode levar a uma maior afluência de pessoas às celebrações do 13 de Maio?
A entrevista, as perguntas e as respostas, aí está para quem a quizer conferir.
Não é isso que agora me ocupa.
O que me preocupa é a imensa ignorância de que os nossos jornalistas fazem, diariamente, alarde.
Dando de barato que há uma crise económica, donde é que o Sr. Jornalista foi tirar a ideia de que tal teria repercussão imediata numa peregrinação?
Peregrinações, há-as desde tempos imemoriais. Faziam-nas povos pagãos, fazem-nas muçulmanos, católicos, indus e budistas.
Desconheço em absoluto qualquer estudo que tenha por objecto a análise da influência do clima económico na afluência às peregrinações e, consequentemente, desconheço qualquer estudo que demonstre que a afluência às peregrinações varia na proporção inversa do clima económico.
Parece, pois, legítimo perguntar: De que cartola é que – e para quê – tirou o Sr. Jornalista tal pergunta?

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