2006-11-14

Greves e Verdades

Nos últimos episódios (até à data), de um ping-pong que começou na manhã do dia da greve, o Diário de Notícias publicou ontem uma notícia segundo a qual, muitos trabalhadores optaram por meter baixa no dia de greve, facto que justificará, em parte as divergências entre Governo e Sindicatos na contagem dos grevistas.
A CGTP reagiu com acusações ao Governo de manipulação da informação.
Ora, esta questão de saber qual a efectiva adesão a uma greve é matéria que não pode deixar de interessar a todos. Ao Governo, porque lhe convém ter um indicador fiável do descontentamento. Aos sindicatos porque, igualmente, lhes convém possuir um indicador fiável da adequação das suas políticas aos interesses dos seus associados.
Estou a ser ingénuo? Parece que sim, uma vez que todos, Sindicatos e Governo, parecem, antes, apostados em esconder a realidade.
Mas, ainda que assim seja e, sobretudo, se assim for, eu, cidadão, tenho o direito de conhecer a verdade.
E, quando os números do Estado se ficam por pouco mais de 10% e os dos Sindicatos apontam para os 80% de adesão, então alguém está a mentir (ou ambos) e, eu, cidadão, tenho o direito de que não me mintam.
Acabem, por isso, com estas picardias.
A greve é um direito e tem uma consequência: o não pagamento do vencimento correspondente.
Nada mais simples, portanto: veja-se, no fim do mês, quantos funcionários sofreram desconto de vencimento no dia da greve. Esse é o número máximo, possível de aderentes à greve.
Deixem-se de picardias e falem-nos verdade.

2006-11-07

O BE aderiu ao corporativismo

Segundo os jornais de hoje:

O líder do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, propôs, ontem, um sistema de avaliação para os professores dos ensinos Básico e Secundário semelhante ao dos docentes universitários, em alternativa ao processo de quotas defendido pelo Ministério da Educação (ME). "No Ensino Superior temos um modelo de avaliação em que um conjunto de professores da escola e de fora da escola, escolhidos pelas suas capacidades reconhecidas, fazem uma avaliação inter-pares da capacidade pedagógica e da capacidade científica e do trabalho que as pessoas deram à escola", defendeu Francisco Louçã. O líder do BE falava aos jornalistas após visitar uma escola básica de Lisboa. Louçã defendeu que o "modelo de rigor" em que são avaliados os professores do Ensino Superior "deve ser aplicado também nos outros níveis de ensino". Francisco Louçã insurgiu-se contra o sistema de avaliação dos professores proposto pelo ME, que considera ser "um sistema fechado que impede que as pessoas exerçam uma profissão de acordo com as suas capacidades". Segundo Francisco Louçã, "a quota serve para excluir, não para avaliar".

O Dr. Louçã tem, em parelha com o Dr. Mendes e o Gato Fedorento, um problema nem sempre facilmente ultrapassável: Tem horas para falar e tem de dizer coisas originais para agradar a plateias exigentes. Mas isso não justifica tudo.

Quando o triste (tristemente inexistente) papel da Universidade na História de Portugal, deveria levar qualquer alma minimamente séria a concluir que o modelo de avaliação universitária (que todos sabemos se tem caracterizado por tudo menos pelo rigor) deveria ser mudado e não reproduzido, é triste ver esse farol da “esquerda” que o BE arrogantemente se julga, cooptado pelo mais retrogrado corporativismo.

Avaliação pelos pares? Tenha dó Sr. Dr.

Foi a avaliação pelos pares que nos colocou onde estamos!

2006-11-02

Inutilidades

O PÚBLICO tem por hábito colocar a “referendo” dos seus leitores algumas questões bizantinas, a última das quais era: “Concordaria com uma eventual união entre Portugal e Espanha?”.
Dos que acharam útil perder tempo e dinheiro a responder, 43% respondeu que sim.
Que devemos concluir? Que 43% dos portugueses concordam com a união entre Portugal e Espanha?
Não me parece. O melhor é concluir apenas que os 43% dos televotantes da questão, ou melhor, 43% dos televotos expressos, disseram sim.
E, mais, concluir que aqueles votos representam uma idéia errada.
Quando Catalães e Bascos, Galegos e, até Valencianos e Estremenhos querem desunir-se de “Espanha” porque haveríamos nós de nos querer unir?