2006-02-03

Casamentos

A conversa do dia (em disputa cerrada com o euromilhões, diga-se) é a questão do casamento homossexual.
Ora, o casamento não é nem o que os que são contra pretendem nem, muito menos, o que julgam os homossexuais candidatos. Quanto a estes, convicto que estou de que alguma coisa os legisladores hão-de inventar para os calar, é certo que não faltará muito para ver-mos legisladas as relações entre pessoas do mesmo sexo. Quanto aos do contra, sabida a extraordinária capacidade de adaptação do povo português, não tardará muito para que aceitem os factos, como aceitaram o voto feminino e muitas outras coisas que pouco tempo antes abominavam.
O que eu não entendo é o entusiasmo dos homossexuais.
Querem casar-se para quê, quando os heterossexuais se casam cada vez menos e já conseguiram o reconhecimento legal da união de facto?
Será que os homossexuais querem ter direito ao casamento para “selar” socialmente o seu amor? Se assim é então isso só prova que nada sabem de História, no que aliás estão muito bem acompanhados pelos mais ferozes oponentes, desde logo os que trazem à colação a religião.
António Alçada Baptista escreveu, há anos atrás, que o casamento morreu no Século XIII, quando nele se intrometeu o amor (cito de cor um texto, se bem me lembro, publicado na revista Máxima).
De facto, o casamento não é uma benção religiosa nem um mero contrato civil (só o é há duzentos anos) nem, muito menos, um pacto de amor (é-o desde o Século XIII, mais nos romances de cavalaria do que na vida e voltou a sê-lo, a partir do Século XIX, por acção das idéias românticas).
Historicamente o casamento é, sobretudo, um pacto de gestão de patrimónios.
Como os homossexuais vão, em breve, descobrir.
Ou, como dizia o meu saudoso patrono: Ah! Vocês dão-se bem? Então façam partilhas!