2007-06-05

OTA

Deitei-me passava das 2 da manhã, como fez quem quiz acompanhar o prós e contras sobre a Ota.
Desconfio que a enorme maioria dos portugueses foi dormir muito antes disso.
A consequência é que todos ficarão como dantes, cada um acantonado nas posições que já tinha.
Em boa verdade, não perderam grande coisa: Talvez, apenas, em termos de espectáculo televisivo, as descabeladas intervenções do Sr. Prof. Nunes da Silva que deliberadamente abandonou a postura que se esperava de um eminente cientista (em Portugal todos os professores universitários são eminências científicas, apesar de os resultados não o comprovarem) para adoptar um tom arrogante e comicieiro que melhor ficaria ao Dr. Marques Mendes.
Marques Mendes que (Eduardo Catroga dixit) fez mal em fazer da Ota um problema político.
Eduardo Catroga, por sua vez veio, assumir a posição oficial do PSD de que é preciso estudar. Ora, convém lembrar que este Sr. foi Ministro das Finanças até há menos de 12 anos: O que é que estudou então, ou mandou estudar? Nada. E nada, provavelmente porque nesse tempo uma carrada de iminências (José Gabriel Viegas incluído) achava que, com uns ajustes, a Portela seria eterna.
Ora, se estes senhores fossem coerentes, tendo chegado ontem publicamente à conclusão de que a Portela não chega, deveriam reconher que uma parte grande (a grande parte) da culpa é sua.
As contas são simples de fazer:
a) Se a Portela esgota em 2010-2012;
b) Se um aeroporto demora 7-10 anos a fazer;
c) Se os estudos que agora querem fazer em seis meses ou um ano (é falso: se houver, como deve haver, concursos, mais de seis meses demorará o processo de adjudicação) demoram em condições normais cerca de 3 anos.
A conclusão é que 1995 teria sido uma boa data para iniciar com calma os estudos que agora agitadamente reclamam.
Mas talvez a guerra de "interesses" não seja entre os resorts do litoral alentejano e os resorts do Oeste. Talvez isso seja, apenas, areia para os olhos do maralhal. Talvez os anti-Ota (e a favor de nada, como fazem questão de repetir) estejam apenas a tentar conseguir que se não faça nenhum aeroporto.
Teoria da conspiração? Não, não sou adepto, muito embora as conspirações tenham tendência a parecer-se com as bruxas (que as há, há).
Vejamos:
Parece consensual que vamos ter de, lá para 2010-2012, operacionalizar um segundo aeroporto que seja capaz de complementar a Portela enquanto o novo não está feito.
É da minha vista ou há quem esteja apostado - e não o diz - em eternizar essa solução Portela+1? Quanto custará essa solução?
Interesses todos os temos. Não podemos, por isso, acreditar em Eduardo Catroga quando, candidamente, vem propor que estes assuntos sejam estudados "por uma espécie de sábios" desinteressados, competentes e honestos. Os jornais dizem-nos todos os dias que o povo desconfia dos políticos. Eu prefiro desconfiar dos políticos que me querem convencer que não são políticos.
Declaração de interesses:
O meu interesse pessoal na questão do aeroporto resulta do facto de que, residindo há mais de trinta anos a menos de cinco euros de distância da Portela, estou farto de aturar más educações de taxistas.
Ponham-me o aeroporto mais longe s.f.f.

CGTP

A coisa é pior do que parecia.
Gerónimo de Sousa fala como se fosse dono dos trabalhadores em geral e da GCTP em particular.
Carvalho da Silva parece cada vez mais próximo de me fazer a vontade e deixar o governo da CGTP.
As alternativas, a crer nos jornais, são Mário Nogueira, ex-mandatário da candidatura de Gerónimo de Sousa à Presidência da República (conheço-o de reuniões no Ministério da Educação para discussão do Estatuto da Carreira Docente, já lá vão uns catorze anos, durante os quais todas as lutas de professores encabeçadas pela Fenprof foram, pela simples razão de que não tinham razão, sendo perdidas uma a uma) e um outro nome - para mim absolutamente obscuro - que a imprensa diz pertencer à linha dura do PCP.
São estas as alternativas para o sindicalismo português.
Pobre sindicalismo.