2008-04-22

Route 66 - Notas de Viagem XIV

19-6-2007 – Las Vegas

Chegados ontem a Las Vegas, alojámo-nos no Sahara, um hotel casino já com alguma idade, (cá ficaram os Beatles, nos anos 60) bem situado no topo da Strip, no cruzamento com a Sahara Avenue, a que deu o nome e com preços muito em conta. Comer e dormir em Las Vegas pode ser, aliás, bem barato (quinze dólares podem ser suficientes para comer bem no Sahara e razoavelmente no Venetian). Ainda houve tempo para uma volta nocturna pela Downtown para ver a sua principal atracção, a Fremont Street em cuja cobertura são, a espaços, projectados espectáculos de luz e som.

Hoje foi dia de correr a via sacra dos grandes casinos. O melhor a fazer – e que fizemos – é comprar bilhetes para o monorail, já que andar na rua com o calor escaldante que se fazia sentir é coisa para arrumar em pouco tempo um turista desprevenido. Dormir a sesta no hotel, nas horas de maior calor é, também, actividade que se recomenda vivamente.
Salvo para aceder a determinados espectáculos ou restaurantes, parece não haver regras no vestir de modo que os casinos estão cheios de gente de calções e de chinelos.
Eu, pessoalmente, não gosto de jogar e nem o facto de já ter estado em muitos casinos, da Póvoa do Varzim a Monte Gordo, passando por quase todos os outros portugueses, pelo Mónaco e por Macau, me fez mudar de ideias. Las Vegas confirmou a minha convicção de que gente com juízo não joga.


Como em todo o lado, nos Estado Unidos, não se fuma dentro dos edifícios. Excepto, claro, nas salas de jogo. Eu, fumador (mais uma razão para não gostar de jogar. Admito que um vício fique bem a um homem. Dois vícios é, certamente, demais), aproveitei a sala de jogo do Sahara para fumar. Vi aí a cena que mais me impressionou em Las Vegas: Depois do almoço, no hotel, vou fumar um cigarro na sala de jogo e vejo um americano típico, enorme, chapéu à Indiana Jones, barba comprida e hirsuta de um grisalho amarelado, matraqueando furiosamente duas slot machines, uma com cada mão. Ainda lá estava, no mesmo estrafego, quando regressei para o último cigarro do dia, antes de ir dormir.
Mas é verdade que Las Vegas é uma doideira espectacular, cada casino maior que o outro, embora, no fundo, todos iguais: entra-se no Hotel e de um lado é o balcão da recepção e do outro abre-se a sala de jogo. A partir daqui acede-se aos restaurantes, às salas de espectáculo, aos quartos e às galerias comerciais, estas também com tendência para se tornarem todas iguais: Ruas com céus fingidos e lojas - todas as lojas, todas as marcas - e restaurantes e cafés com fachadas de cenário que nos tentam convencer de que andamos a passear na cidade-tema do casino (Nova Iorque no New York-New York, Veneza no Venetian, a Roma antiga no Caesar’s Palace). O mais luxuoso de todos, doentiamente luxuoso, é o Bellagio. Um dos mais bem feitos é, concerteza, o Paris. Com uma Torre Eiffel à escala ½, um dos pilares arrancando em plena sala de jogo e um restaurante no topo, como na Torre de verdade, o Arco de Triunfo e a fachada do Louvre e uma ambiência, na galeria comercial, tão bem fingida que não estranharei se amanhã me vierem dizer que alguém se aborreceu na Paris de França, com a desculpa de que já tinha visto aquilo em Vegas.

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