2007-03-08

Direitos humanos

Com a sua habitual prosápia, os EUA publicaram o costumeiro relatório anual do Departamento de Estado sobre direitos humanos.
O Ministro António Costa - coerentemente com a decisão que tomou, quando Ministro da Justiça, de negar à embaixada americana em Lisboa o direito a inspeccionar as prisões portuguesas enquanto ao embaixador português nos EUA não fosse dado o direito de inspeccionar as prisões americanas - respondeu à letra e seria bom que todos atentassemos na justeza do que disse.
AC não reconhece legitimidade à Administração Americana para se pronunciar sobre a polícia portuguesa, nem reconhece nenhum pergaminho especial aos EUA que os habilite a teorizar sobre a forma como a polícia portuguesa actua, em especial, digo eu, quando vamos sabendo como actua a polícia americana (e o exército - Guantanamo, lembram-se?).
A embaixada americana em Lisboa respondeu às críticas do governo português citando a Declaração Universal dos Direitos do Homem, que responsabiliza todos os indivíduos e organismos pela promoção e respeito dos direitos humanos no mundo, e afirma que os EUA vão continuar a instar outros países a fazerem o mesmo e a manifestar a sua preocupação com os respectivos registos em matéria de direitos humanos.
Sem dúvida. É bom que os EUA o façam. O mundo precisa disso. Mas seria bom que os EUA fizessem um esforço para que todos tenhamos razões para continuar a olhá-los como um farol da democracia e dos direitos humanos.
É bom que os EUA continuem a, como disse o seu embaixador em Lisboa, trabalhar diligentemente para resolver os seus próprios problemas e não vejo que não devam continuar a manifestar a sua preocupação pelos atropelos dos direitos humanos no mundo.
Mas também seria bom que fossem coerentes e respeitadores das soberanias alheias ou, pelo menos, que se esforçassem para nos convencer que os seus princípios e preocupações não oscilam ao ritmo da cotação do barril do petróleo.

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